O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) entrou nesta quinta-feira (17) no nono dia de greve de fome. O protesto, realizado dentro da Câmara dos Deputados, começou após o Conselho de Ética recomendar a cassação de seu mandato.
Por que Glauber está em greve de fome?
A decisão de parar de se alimentar veio em resposta à recomendação do Conselho de Ética da Câmara, que acusou o deputado de quebra de decoro. O motivo: Glauber se envolveu em um confronto físico com Gabriel Costenaro, militante do MBL, que, segundo o parlamentar, ofendeu a honra de sua mãe — falecida poucas semanas após o episódio.
Glauber considera a cassação uma retaliação política, por suas denúncias sobre o orçamento secreto e sua postura combativa contra setores da direita na Câmara.
Como está a saúde do deputado?
O deputado tem ingerido apenas líquidos isotônicos, saído para banhos de sol e feito exames médicos duas vezes por dia. Já perdeu mais de quatro quilos. Segundo o médico Antônio Alves, Glauber sente dores nas costas, mal-estar gastrointestinal leve e dores de cabeça esporádicas.
O que dizem seus apoiadores?
Lideranças do PSOL, parlamentares de outros partidos, movimentos sociais, artistas e até alguns deputados da direita têm manifestado solidariedade. Um abaixo-assinado contra a cassação de Glauber já reúne mais de 154 mil assinaturas. Ministros como Sônia Guajajara, Gleisi Hoffmann e Paulo Teixeira visitaram o parlamentar no plenário.
Uma vigília permanente foi montada em frente à Câmara e manifestações artísticas, como um samba dentro do Congresso, reforçam o apoio simbólico ao deputado.
O que diz quem é a favor da cassação?
O deputado João Leão (PP-BA), que votou pela cassação, afirma que a punição não é apenas pelo confronto físico com o militante, mas pelo “comportamento de Glauber no Conselho de Ética”. Segundo ele, o parlamentar teria chamado o relator do processo e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, de ladrões.
Lira nega perseguição e ameaça processar Glauber, caso ele não apresente provas.
E agora? Qual o próximo passo?
O PSOL tem até a próxima terça-feira (22) para apresentar recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A bancada discute duas estratégias: entrar com uma peça longa e detalhada, que possa ir até o STF, ou uma peça mais enxuta, caso consigam acordo político dentro da própria Câmara.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, diz que o feriado prolongado pode esvaziar o debate na Casa, mas que a mobilização e o apoio popular têm sido fundamentais.
Por que isso importa?
O caso vai além de Glauber Braga. Toca em temas centrais da política atual: os limites da liberdade parlamentar, a reação do sistema a denúncias de corrupção (como o orçamento secreto) e a escalada de tensão entre campos opostos do espectro ideológico.
Para aliados, a tentativa de cassação é política e sem precedentes proporcionais. Para adversários, é uma resposta ao desrespeito do parlamentar às normas internas da Casa.
Rodolfo Capler | Política SP