Após dois anos e quatro meses à frente da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o Coronel Cássio Araújo de Freitas se despede do cargo de comandante-geral. Sua saída marca o fim de uma das gestões mais longas da história recente da corporação, sendo substituído pelo atual subcomandante, Coronel José Augusto Coutinho. A mudança, anunciada oficialmente nesta quarta-feira (16), ocorre em meio a um contexto de aumento da letalidade policial no estado.
Nomeado em janeiro de 2023, Cássio Freitas assumiu o comando com o respaldo de uma trajetória marcada por mérito, experiência e liderança operacional. Durante sua gestão, ganhou reconhecimento por coordenar operações de impacto, como a Operação Verão — que registrou queda nos índices de criminalidade no litoral paulista — e a Operação Carnaval, que resultou na redução de 37% nos roubos de celulares em todo o estado.
Respeitado dentro e fora da corporação, Freitas deixa a ativa, mas deve continuar atuando na área da segurança pública, conforme informou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

No entanto, o período em que esteve à frente da PM também foi marcado por um expressivo aumento na letalidade policial. Dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público, apontam que o número de pessoas mortas por policiais militares em 2024 foi 65% maior que em 2023. Foram 760 mortes ao longo do ano, sendo 640 cometidas por policiais em serviço e 120 por agentes de folga — uma média de duas mortes por dia.
Esse é o segundo ano consecutivo de alta nas mortes provocadas por ações policiais no estado. As operações realizadas na Baixada Santista, tanto em 2023 quanto em 2024, estão entre as mais letais desde o massacre do Carandiru. Em 2023, foram 28 mortos; em 2024, esse número saltou para 56.
O cenário contrasta com o registrado em 2022, quando, sob a gestão do então governador Rodrigo Garcia (DEM) e com a ampliação do uso de câmeras corporais por agentes, o estado teve a menor taxa de mortes por policiais da história. Naquele ano, a letalidade de adolescentes em intervenções policiais caiu 80,1%.
Com a posse do Coronel José Augusto Coutinho, a expectativa é que a nova gestão enfrente o desafio de equilibrar a eficácia nas operações com a preservação de vidas, em um momento em que a segurança pública paulista segue como tema central de debate.